quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Extremos

Pois é. Ontem conversando com meu professor de espanhol, ele me perguntou se eu queria fazer o teste de proficiência algum dia. Sabe, aqueles tipo o TOEFL, servem pra "abrir portas" nesse mercado de línguas também, e caso a pessoa queira cursar universidade no exterior ele é obrigatório. Só que o TOEFL é pra inglês. Pra espanhol existem outros.

Meu professor me disse que é mais difícil do que se pensa passar por um exame desses. Primeiro, porque eles tão "nem aí" se você fica ou passa. Segundo, tem de haver uma espécie de "manha". Alguns detalhes são mais levados em consideração do que outros.

Mesma coisa foi quando prestei o exame pro DETRAN, prático mesmo, pra dirigir. Tudo é uma imposição de "detalhes": uma seta errada, três pontos a menos. Se o motor morrer lá pra frente e você já tiver errado uma seta, reprova na hora.

E eu reparei que: em exames de "proficiência", onde a pompa de "somos os detentores do saber!" ainda impera; em exames práticos do DETRAN; e em vestibulares malucos e sobre-humanos de universidades públicas e federais, o que conta é a pressão, se adequar a determinados "padrões" e o fato de que tudo não passa de um monte de detalhes que não te dizer realmente se você fala bem uma determinada língua ou não. Ou ainda, se dirige bem ou não.

Sim, pois conheço gente que tomou bomba nesse exame aí, do DETRAN, e em off comprou a carteira com algum "mafioso". O cara dirige há dois anos e jamais tomou uma multa. E foi, enfim, reprovado no tal exame.

A mesma coisa passar no tal exame de proficiência. Sem as "manhas", meu professor reprovou. E teve de aprendê-las com alguém disposto a ensinar antes de prestar de novo e, enfim, passar.

O que eu acho? Extremos, gente! Enquanto a progressão continuada grassa nas escolas públicas, em outros lugares o rigor é tanto, que chega a ser teórico em demasia e bur(r)ocrático a ponto de ser nada útil.

Entendo de certa maneira a música "Brick in the wall" do Pink Floyd, sobre os professores, olhando por essa ótica. Mas penso também que a progressão continuada não solucionou coisa alguma para ninguém ao apresentar o oposto extremo. E a mim me parece que há uma "conspração" pra manter tudo "inútil" e inócuo: seja pela rigidez em demasia, seja pela libertinagem e "frouxidão".

E agora, José?

2 comentários:

Abuveopzi disse...

Eu creio que com a extrema facilidade de um lado e extrema dificuldade de outro, vá se filtrando cada vez mais os profissionais qualificados no mercado de trabalho.
Com isso pega-se uma massa enorme de pessoas e consegue-se tirar dela algumas poucas pessoas.
Creio que à partir do momento em que o número de interessados é infinitamente maior do que os que poderão adquirir "algo", os fornecedores do que está sendo cobiçado podem "cobrar" o preço que bem entenderem.
Se o Brasil inteiro quer entrar na USP, ela tem a possibilidade de criar uma prova dificílima.
A facilidade no Ensino Fundamental e Médio eu já falei de onde vem, e repito, FMI...
Como não é interessante ($$$$$$) para o Governo ferrar o Ensino Superior, ele deixa que a qualidade seja ótima.
Agora quero ver quando o FMI quiser um ótimo índice de formandos no Ensino Superior...
Vão surgir analfabetos formados pela USP kkkkkkkkkkk...
E falo sério, apesar de falar rindo. Se o FMI pedir, isso acontecerá, e quem viver verá.
No caso do TOEFL, além de todo mundo querer, tem o lance de que se for muito fácil perde a credibilidade, e perdendo a credibilidade ninguém vai querer fazer o teste. Logo é interessante ($$$$$$$$) que o teste seja muito desafiante, formando poucos (em porcentagem) e com isso passando uma idéia de que com o TOEFL as portas abrirão para você, pois você fala inglês fluente.
O que para mim é uma piada. Eu não acredito em fluência adquirida no Brasil, ou em alguns poucos meses nos Estados Unidos. Para mim fluência se adquire ao longo de muitos anos de vivência nos Estados Unidos ou na Inglaterra, e claro, viajando pelos estados, conhecendo pessoas de um canto ao outro do país, conhecendo pessoas de idades diferentes, de realidades sociais diferentes, etc...
As escolas costumam chamar de fluência a capacidade de se comunicar de forma natural em ambientes de trabalho, shoppings, lojas, famílias, etc...
Porém esquecem de falar da existência de expressões regionais, gírias, palavrões, gírias e expressões antigas, inglês mal estruturado, e por ai vai. E ensinar é que elas não ensinam mesmo, até porque como falei isso demora anos e anos.
O que me admira é pessoas acreditarem na fluência prometida em cursos, se esquecendo de como o português é falado aqui e do que precisamos entender para compreender a maioria das pessoas.
Temos que saber gírias regionais novas e antigas, expressões regionais, expressões de determinado grupo, palavrões, e o pior, compreender alguém que fala tudo de forma errada, o que em português é fácil, quero ver em inglês, que não é nossa língua natal.
E mais, no inglês um errinho de pronuncia ou uma má interpretação de uma frase muito informal pode causar problemas sérios, e isso se aprende ao longo da vida, já que por mais que um curso te treine pronuncia, quem vai te ouvir tem que entender bem o que você falou, e vice versa. E sabemos que cada pessoa fala com um sotaque, com um timbre de voz, e as vezes é impossível entender alguém falando português, que dirá inglês.
Bom, respeito quem acredita em fluência/pró-eficiência, porém eu não acredito, e mostrei o porque de não acreditar.

PS: Qual sua opinião sobre "fluência/pró-eficiência"?

PS2: Em que escola você estuda/estudou idiomas?

PS3: Preciso tomar vergonha na cara e me dedicar no inglês, como diria o Roberto Justus, meu Inglês (ainda) é medíocre kkkkkkkkk...

Pandora Lynn disse...

Olha, eu sou a favor da "rigidez". De não ter "peninha" e cobrar conteúdos e resultados.

O que acho ruim é que esses testes mesmo não mostram porra nenhuma de utilidade a não ser a função burocrárica. E por que digo isso? Oras, no dia de meu exame no detran, por exemplo, um dos instrutores subiu com a roda na calçada enquanto pegava o carro.

Ou seja: se eu, que sou iniciante, não posso fazer esse tipo de coisa no exame... por que ele pode?

Saca? Eu acho que, se vale pra um, deveria valer pra todos.

E os corretores de vestibular? Saberão todos eles, sozinhos, fazer satisfatoriamente uma prova daquelas naquele período de tempo? Se não sabem, aí se revela: pra quê aquilo tudo?

E enfim: parece que ou é esse tipo de teste paulêra, ou é aquela "molezinha" básica. Não entendo!

Sobre proficiência: pra mim proficiência é conseguir se comunicar bem na língua. Se um cara é gringo, você não conhece lhufas da língua dele, mas ambos conhecem inglês e se comunicam bem... aí pra mim já é proficiente.

O resto é perda de tempo em gramáticas, teorias e mais teorias. O que "pega" mesmo é a prática, se funciona ou não. Não funciona? Então não há diploma que faça funcionar.