sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Vocês são seres humanos!!

Outro dia eu estava aplicando provas. Pois é, essas duas semanas foram quase totalmente dedicadas a elas. Fim de semestre, sacomé...

E eis que me deparo com situações desse tipo aqui:

- Professora, me dá dez? Se eu tirar nove e meio a minha mãe briga comigo.

- Ih, oito? Meu pai vai me matar!

- Pô professora, oito e meio? Minha mãe vai me deixar de castigo.

- Ai, eu fui muito mal na última prova. Tirei nove!

No começo você começa a pensar que esses alunos tão de brincadeira. Mas não: é sério mesmo. E um fator comum: TODAS são meninas. E nenhuma é criança. Todas com idades entre treze e quinze anos. Apenas um dos garotos, de treze anos, disse que a mãe, ao ver os 9,5 dele, declarou não ser "mais que a obrigação".

Ou seja: ou essa coisa me cheira a uma misoginia disfarçada, onde a menina tem de pagar com notas perfeitas pelo "infortúnio" de ter nascido mulher (no século XXI!!!), ou é mera coincidência?

Mas bem. Excetuando-se o fato de serem garotas os alvos de tamanha pressão de pais que parecem mais policiais lidando com criminosos. O que eu acho dessa porra?

Ora, isso mesmo, uma porra! Vão ter TOC assim na casa do caralho!!

Pelas minhas postagens anteriores vocês sabem que eu não passo a mão na cabeça de aluno. Ah, mas não passo mesmo! Por meio ponto eu deixo de recuperação sim.

NO ENTANTO, nunca fui bitolada com notas. Pra mim o que interessa é ver o interesse deles e notas azuis. Acima de 7,0 tá beleza. E sou assim com a minha irmã também. Talvez seja a herança da minha mãe: quando eu digo que tirei 9,0 em espanhol, ela diz que tá excelente.

Ou seja: apenas o que vejo são extremos absurdos. Ou pais que surtam se o filho não tira dez, ou pais que se lixam se os filhos bolam aula direto ou não (pois é, acontece).

Referindo-me ao primeiro exemplo: caralho, deixem os filhos de vocês em paz! Briguem quando eles tiverem nota baixa, não um 9,0! Crianças precisam ser crianças e adolescentes precisam ser adolescentes!! Caracas, quando eles passarem dos 20 já vão ter problemas o suficiente!!

Gente, cobrem dos filhos. Mas de uma maneira decente!! Não essa coisa de achar que filhó é robô!! Filho não é robô!! Filho é GENTE!

E o pior é que estes imaturos e sem auto-estima que cobram horrores dos filhos sequer sabem que estão negligenciando outros fatores importantíssimos da educação dos mesmos. Alguns que são cobrados até a alma se esquecem do que é amar, e acabam crescendo apenas contando os números, os minutos, as porcentagens, os centavos. E se esquecem de viver. E se esquecem que, antes do meio, o RESULTADO é o que importa.

E muitos dos que só tiram 10 se tornam gananciosos logo na primeira infância. Pisam nos colegas e em todos apenas pra tirar a merda do 10. Tornam-se egoístas ao extremo. Já vi aluno exigido assim agir com falta de caráter, tentando me enganar pra aula acabar mais cedo.

Isso é escravidão! E todos sabem o que eu penso disso.

"Os escravos servirão". Eu não, porra! E não se deixe ser servo de um 10 também.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Violência urbana

Engraçado... estou pensando que daqui há 11 dias eu vou pro Rio de Janeiro. Sozinha. Uma das cidades ditas mais violentas do Brasil. E não deixo de ter um pouco de receio...

Só que eu páro pra pensar nos homicídios que já presenciei em minha própria rua. Há dez anos, uma menina de 14 anos foi morta a tiros nela por dever ao tráfico. Eu ouvi os tiros.

Há 5 anos, dois raparez mortos (por causa de droga, sempre ela) em uma festa que se realizou em um clube que fica em frente à minha casa.

Há 9 anos, uma vizinha de porta veio desesperada pedir 10 reais, pois seu filho estava devendo drogas e os bandidos haviam adentrado a sua casa com ameças terríveis.

E em janeiro próximo fará um ano que em minha rua um ex-colega meu de classe quase foi morto por um traficante de na época 15 anos. Curiosamente, esse não foi por droga: os dois discutiram por causa de fogos de ano-novo. Por dois dedos a faca não perfurou o coração do camarada.

Além, claro, dos assaltos que presencio direto na avenida onde trabalho. Direto vem aluno dizendo que tentaram assaltar, ou que assaltaram de fato. Uma foi assaltada duas vezes na mesma semana. Dois foram assaltados praticamente ao mesmo tempo, pelo mesmo bando provavelmente. Hoje um aluno de doze anos, que nao tinha absolutamente nada nos bolsos, foi abordado por um desses "moleques" pseudo-meliantes.

E eu nunca fui assaltada. Apenas atacada por tarado, e botei ele pra correr sem armas. E já esperei ônibus tarde da noite nessa mesma avenida violenta do meu trabalho, durante umas duas horas seguidas (ônibus de madrugada... demora).

É... acho que estou pronta pra encarar o Rio de Janeiro. =D

sábado, 13 de dezembro de 2008

Produtividade VS cabresto

Sério, ando com fobia de trabalhar. Pois é, pensava estar livre delas, das fobias. Mas estão voltando.

Fobia de trabalhar porque, bem, apenas a expectativa de poder ser demitida por QUALQUER motivo me assusta. Até por não irem com minha cara. Sério, passei por uma experiência terrível com meu primeiro emprego "de fato": me perseguiram após saber que eu falava inglês fluente.

Vão tomar no cu, porra! Pior que essa bosta ainda me acompanha como uma sombra após 2 anos, e apesar de eu não tomar mais remédio, ainda tenho um milhão de dedos quando a coisa refere-se a procurar local pra trabalhar. Até acostumar, até ver se os superiores são arrogantes e em que ponto são arrogantes... porra! Me sinto uma encabrestada dessa maneira.

Não falo de meu emprego atual. Mas eu queria fazer coisas diferentes tais como dar aula em universidade ou ainda em outras escolas no período noturno. Assim, nada demais. Queria apenas alçar novos vôos.

E de repente tudo que eu faço parece ser errado, tudo parece voltar à ferida de dois anos atrás: será que vão me odiar apenas por eu ser quem eu sou?? Será que eu jamais poderei largar a "segurança" de meu emprego atual e ir para algo diferente, mesmo que não saia daqui e tenha dois empregos? Será que puxa-saquice com um e outro sempre será mais importante do que produtividade, que era o que deveria importar em um ambiente de trabalho??

Puta que pariu pra isso tudo!! Só me vejo com as seguintes alternativas pra me livrar do medo de não ter sequer um emprego, já que as pessoas "cismam" em me odiar: ou abrir negócio próprio e mandar todos esses malcomidos (e falo dos exagerados da escola pública, os filhos da puta que querem te esquadrinhar em entrevista de emprego, etc) pra putíssima que os pariu, ou presto concurso público. Porque em concurso eu posso até trabalhar com os piores orcs da Terra-media (tá, lendo "Senhor dos Anéis" demais), mas não terei o fantasma da demissão me assolando. Afinal, exoneração é só quando tem coisa muuuito grave por trás né...

Isso numa porra de país onde um professor universitário que conheci foi demitido porque fazia doutorado... e ia ficar muito caro pra faculdade.

Muito pê da vida. Muito mesmo. Isso porque eu tava feliz até dezembro, mas novas escolhas me fizeram reviver na verdade a "neofobia" que ainda possuo.

:/

domingo, 7 de dezembro de 2008

Pior do que a ficção

Pois é. Eu não sou "boazinha" (já fui mais... rs), mas assim também não. Uma coisa é se defender, outra é a putaria generalizada que se encontra nas chamadas "famílias de bem" TAMBÉM.

Tá, deixa eu dar um exemplo pra vocês saberem do que eu tô falando. Outro dia eu estava conversando com uma classe minha sobre acidentes de trânsito. Bem. Um deles disse, na lata, que não ajudaria ao pedestre machucado a se levantar ou mesmo a ir a um hospital caso ele o atropelasse, pra "tirar o dele da reta". E eu retruquei dizendo que isso era inclusive crime de omissão à vítima de acidentes. E o camarada continuou dizendo que teria a mesma atitude...

Uma outra amiga minha disse que, ao ver uma criança caindo e chorando ao chão, não ajudava.

Outro disse, na frente dos meus outros alunos, que queria roubar a minha bolsa enquanto eu estava ausente. Os outros me contaram depois. E depois dessa, nunca mais deixei objeto pessoal na sala.

No livro "O Senhor dos Anéis", que eu já disse estar "trelendo", os inimigos são assim uns com os outros e com os adversários. Mas os "mocinhos" se amparam e se ajudam na hora do desespero. E eu constato, consternada, que a minha realidade de "relativa paz" é pior do que a ficção de guerra escrita nos anos 30/40, em plena World War II. No livro, o povo pode andar de noite e não ser atacado com tanta facilidade. Em TEMPOS DE GUERRA! Hoje, anda-se de dia com perigo mortal às cabeças.

E muitos desses "perigosos" são "pessoas de família".

Foda, né?

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Um mês

Pois é. Agora posso dizer que tenho um mês de blog. Alguns centavos no Adsense (rsssss...) e alguns leitores assíduos: o abuveopzi mais do que todos, além de ser o que sempre comenta.

Já tive blogs antes. Mas não os levava a cabo. Abandonava antes de começar a realmente "postar" con frequência. E bem, neste eu posso não ter postado todos os dias, mas estou atualizando com certa regularidade, não?

Apesar de ser mais um "blog para desabafos", creio que tenha função de "diário" também: ajuda a organizar a vida e a ver o que estou fazendo dela. =)

Obrigada por acompanharem!!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Extremos

Pois é. Ontem conversando com meu professor de espanhol, ele me perguntou se eu queria fazer o teste de proficiência algum dia. Sabe, aqueles tipo o TOEFL, servem pra "abrir portas" nesse mercado de línguas também, e caso a pessoa queira cursar universidade no exterior ele é obrigatório. Só que o TOEFL é pra inglês. Pra espanhol existem outros.

Meu professor me disse que é mais difícil do que se pensa passar por um exame desses. Primeiro, porque eles tão "nem aí" se você fica ou passa. Segundo, tem de haver uma espécie de "manha". Alguns detalhes são mais levados em consideração do que outros.

Mesma coisa foi quando prestei o exame pro DETRAN, prático mesmo, pra dirigir. Tudo é uma imposição de "detalhes": uma seta errada, três pontos a menos. Se o motor morrer lá pra frente e você já tiver errado uma seta, reprova na hora.

E eu reparei que: em exames de "proficiência", onde a pompa de "somos os detentores do saber!" ainda impera; em exames práticos do DETRAN; e em vestibulares malucos e sobre-humanos de universidades públicas e federais, o que conta é a pressão, se adequar a determinados "padrões" e o fato de que tudo não passa de um monte de detalhes que não te dizer realmente se você fala bem uma determinada língua ou não. Ou ainda, se dirige bem ou não.

Sim, pois conheço gente que tomou bomba nesse exame aí, do DETRAN, e em off comprou a carteira com algum "mafioso". O cara dirige há dois anos e jamais tomou uma multa. E foi, enfim, reprovado no tal exame.

A mesma coisa passar no tal exame de proficiência. Sem as "manhas", meu professor reprovou. E teve de aprendê-las com alguém disposto a ensinar antes de prestar de novo e, enfim, passar.

O que eu acho? Extremos, gente! Enquanto a progressão continuada grassa nas escolas públicas, em outros lugares o rigor é tanto, que chega a ser teórico em demasia e bur(r)ocrático a ponto de ser nada útil.

Entendo de certa maneira a música "Brick in the wall" do Pink Floyd, sobre os professores, olhando por essa ótica. Mas penso também que a progressão continuada não solucionou coisa alguma para ninguém ao apresentar o oposto extremo. E a mim me parece que há uma "conspração" pra manter tudo "inútil" e inócuo: seja pela rigidez em demasia, seja pela libertinagem e "frouxidão".

E agora, José?

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Minha casa...

Tá ai. O que será que pode ser chamado de "nossa casa"? Às vezes eu não sei.

Outro dia peguei pra reler o Senhor dos Anéis (sim, porque se eu compro um livro, é pra lê-lo mais de uma vez ao menos), e ainda estou relendo. Lembrei da primeira vez que o li, quando tinha 15/16 anos. Putz, gente, se vocês soubessem como era "intenso" o meu sentimento, o meu sonho naquela época... digamos que eu "vivia" mais. E com menos. Hoje, principalmente após ter lidado com a escola pública, algo que pra mim é nada menos do que a base suja, o porão fétido das putarias que rolam nos escalões acima da nossa corrupta sociedade, eu não sonho mais com a mesma intensidade.

Bem. Sem desviar muito o assunto: eu me sinto mais "em casa" lendo um livro do que em minha própria casa, se é que compreendem o que quero dizer. Aqui não parece ser o meu lugar, por mais que minha nova "filosofia" diga que não devemos reclamar e sermos "rebeldes". Mas eu não consigo deixar de me sentir assim.